sexta-feira, 28 de junho de 2013

Impasse trava projeto de ajuda a clubes de futebol

Um impasse entre os ministérios da Fazenda e do Esporte travou as discussões no governo sobre um projeto que reestrutura as dívidas dos clubes de futebol do país. O texto prevê a substituição da dívida dos clubes, hoje estimada em R$ 4 bilhões, por investimentos mensais deles em projetos sociais ligados ao esporte e a formação de atletas.

O parcelamento das dívidas se estenderia por 20 anos, podendo o prazo ser até mesmo maior, se houver autorização do Conselho Nacional do Esporte ou do ministro da área. Também permite que a dívida possa ser paga com títulos da dívida pública, desde que os clubes já os detenham.
Há ainda alterações na Timemania, jogo criado justamente para ajudar os clubes a saldarem suas dívidas com o governo. O objetivo é aumentar a cota dos clubes nessa arrecadação, hoje em 22%. Além disso, há a expectativa de que seja criada uma "raspadinha" pela Caixa Econômica Federal, destinada a levantar fundos para os clubes.
O governo queria aproveitar o ambiente provocado pela Copa das Confederações no país para apresentar, durante ou logo após a competição, as medidas. Mas ainda tem dúvidas sobre seu formato: uma medida provisória (MP) ou um projeto de lei.
No entanto, o que impediu o avanço é a divergência de conteúdo entre o Ministério do Esporte, que apoia a medida, e o Ministério da Fazenda, que se posicionou completamente contrário a ela. Considerou-a muito benéfica aos clubes, que acumulam dívidas com o INSS e com a Receita Federal.
O Palácio do Planalto sinaliza interesse em bancar a proposta. Por trás dessa decisão, há um forte componente político. Em 2014, haverá, antes da Copa do Mundo, eleições que substituirão os dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e das federações estaduais do futebol.
Os clubes de futebol são os principais eleitores nesse processo. São eles que elegem os dirigentes estaduais que, por sua vez, elegem o presidente da CBF, comandada atualmente por José Maria Marin. Devido ao seu passado ligado ao regime militar e vazamento de áudios em que critica o atual ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), Marin não tem qualquer trânsito no governo.
Assim, com o projeto, o governo abre um canal direto com os clubes, que terão antes da Copa o poder de definir a cúpula da cartolagem no país nos próximos anos. Sob outra ótica, o projeto acaba por beneficiar um dos pré-candidatos à sucessão de Marin, Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol. Ele é sócio em um escritório de advocacia do deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), autor do anteprojeto e um dos mais empenhados em aprovar a proposta.
"O projeto é parecido com o Prouni, pois prevê um encontro de contas com investimento social, só que nesse caso esse investimento é ligado ao esporte. Trata-se de um investimento em política pública de esporte", disse Cândido, que também é conselheiro do Corinthians.
Ele e outros parlamentares ligados aos clubes, como o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), vice-presidente do Atlético Goianiense, devem se reunir com Rebelo nesta semana para definir uma estratégia para a proposta ser apresentada. A ideia é que o projeto seja encaminhado mesmo com sugestões da Fazenda, para que no, Congresso, seja novamente alterada, de acordo com os interesses dos clubes.
"É importante aproveitar esse momento da Copa das Confederações para levantar isso. A Fazenda sempre vai impor obstáculos, mas se trata de uma questão de interesse nacional. Do jeito que está, os clubes não pagam nem nunca conseguirão pagar suas dívidas", disse Cândido. (Colaborou Eduardo Campos, de Brasília)
Fonte: Jornal Valor do dia 12/06/2013. 
Por Caio Junqueira


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Comentário:

O posicionamento do Ministério da Fazenda, que é totalmente contrário ao projeto para reestruturar as dívidas dos clubes de futebol é pertinente, já que os clubes acumulam dívidas bilionárias e este projeto os beneficiam, vez que a dívida iria ser parcelada ao longo dos anos.


No entanto, sob outra visão, este projeto é uma forma dos clubes realmente pagarem suas dívidas, ainda que de forma lenta, o que já é um avanço, conhecendo o cenário histórico das dívidas dos clubes brasileiros.

Comentado por Marcel Ferreira - Advogado da Área Cível

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